Eduardo Bolsonaro, hijo del candidato presidencial: «Nadie quiere que Haddad sea presidente»

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‘Vamos achar nome identificado com Bolsonaro’, diz filho sobre presidência da Câmara

Por Angela Boldrini

Filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e reeleito deputado mais votado do estado de São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PSL) afirmou que presidência da Câmara em 2019 deve ser ocupada por conservador identificado com as ideias de seu pai e não descartou concorrer ele próprio ao cargo que hoje é de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

«A gente vai ter a segunda maior bancada da Casa a partir do ano que vem, então isso aí dá uma certa autonomia para a gente articular que o próximo presidente seja identificado com as bandeiras do Jair Bolsonaro. Não necessariamente uma pessoa de dentro do PSL», disse.

O partido dos dois fez a segunda maior bancada na Câmara na eleição de 2018, com 52 cadeiras. Eduardo afirmou ainda que não pretende negociar com o PT caso o pai seja eleito: «dá tranquilamente para fazer uma maioria».

Questionado sobre se há medidas na campanha para combater o compartilhamento de fake news, o parlamentar disse ainda que a regulação de veracidade de notícias deve ser feita pelo próprio eleitor e que checagem externa é censura.

«Quem é a melhor pessoa para saber o que é ou não fake news é a própria pessoa, a partir do momento que você coloca alguém para regular o que que é informação verdadeira e o que não é, aí já começa uma censura, porque essa regulação vai ser parcial», afirmou à Folha nesta terça-feira (9), na Câmara.

O PSL fez a segunda maior bancada, o sr. foi o deputado mais votado em São Paulo. A que atribui esse bom desempenho? Primeiro, os rótulos que tentaram colar no Jair Bolsonaro não colaram, não deram certo. Segundo, há um movimento que é imparável.

E esses deputados, a esmagadora maioria deles [se elegeu] sem recurso e absolutamente todos sem tempo de televisão praticamente. Isso denota que são novos tempos, os analistas têm que considerar mais a questão da rede social. Agora acho que é pra valer a questão de levar a sério rede social, o político que não tem tá ficando para trás.

Se eleito, qual será a primeira ação na Câmara do governo Bolsonaro? Diversas pautas. Tem pautas econômicas que vamos ter que conversar com o Paulo Guedes, que são questões emergenciais. Criação de emprego é certo, afeta todo mundo, mulher, hétero, gay.

Então acredito que isso daí junto com as questões de segurança. Quem sabe com a nova configuração do Senado a gente não consiga aprovar a redução da maioridade penal também?

O coordenador político do Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou hoje que se eleito não iriam querer votar a reforma da Previdência em 2018, como o Temer 

tinha dito que poderia fazer. O sr. acha que deveria ser aprovada este ano? Esse tema poder voltar à pauta da Câmara no ano que vem? Desconheço essa declaração. Como eu não vi a declaração do Onyx, me permite não comentar? Eu prefiro conversar com ele.

Os senhores têm falado em unir o Brasil, ao mesmo tempo que rejeitam fortemente o PT. O partido tem a maior bancada. Haveria diálogo? São 513 deputados, o PT tem a maior bancada, mas lembrando também que são 57, dá tranquilamente para fazer uma maioria e eles no papel deles de oposição caso Jair Bolsonaro seja eleito e a gente conseguir trabalhar dessa maneira.

Não é parte essencial do governo até porque as pautas deles são as pautas que afundaram o Brasil e eles aparelharam todo o Estado e deu no que deu. Conseguiram dar calote, colocar no vermelho até uma monopolista estatal do petróleo como a Petrobras. Manter-se longe do PT é manter-se limpo e o Brasil respirar.

O General Mourão (PRTB) tem feito várias declarações que foram desmentidas pelo seu pai. O vice assume a cadeira quando o presidente viaja para o exterior, por exemplo. Não há receio de ter um vice desalinhado? Não, não, não. O general Mourão é uma pessoa muito inteligente. O que o Jair Bolsonaro até falou no Jornal Nacional [em entrevista nesta segunda (8)], é que ele tem que se adequar à vida política, saber lidar com a imprensa porque às vezes ocorre de dar essas caneladas.

Quem é que nunca deu uma declaração que depois não foi bem vista? Mas o Jair Bolsonaro já devidamente desautorizou ele, está nas cláusulas pétreas da Constituição a questão do 13º salário, a licença maternidade, férias… Então isso aí nem que o papa queira consegue mudar.

Alguma coisa da reforma trabalhista deve ser revista num eventual governo dos senhores? Que eu saiba não. A reforma trabalhista foi um avanço principalmente no tocante ao fim do imposto sindical, que não tinha qualquer nexo, o Brasil tinha mais de mil sindicatos.

Notoriamente virou uma fábrica de fazer negócios. Uma parte dos sindicatos prestam bons serviços ao patrão, ao trabalhador, e esses certamente vão se perpetuar porque aí o seu filiado vai pagar com gosto, porque sabe que o retorno é certo. Agora, uma parte estava aí para mamar e esses aí estão revoltados.

O que os senhores estão fazendo para coibir compartilhamento de fake news entre seus apoiadores? Na verdade, quem é a melhor pessoa para saber o que é ou não fake news é a própria pessoa, a partir do momento que você coloca alguém para regular o que que é informação verdadeira e o que não é, aí já começa uma censura, porque essa regulação vai ser parcial.

Ontem mesmo o Haddad estava colocando lá que Jair Bolsonaro estava votando para acabar com determinados direitos trabalhistas. E a proposta que o Haddad tem é a do Paulo Guedes, de isentar de imposto de renda quem tem até cinco salários mínimos.

Então quem é que é acusado fake news? São eles. São eles que ficam falando o tempo todo que o Jair Bolsonaro não gosta de negro, não gosta de mulher, de pobre, disso, daquilo. Isso daí que é fake news.

Mas por exemplo o TSE desmentiu vídeo das urnas que o seu irmão Flávio [Bolsonaro, eleito senador pelo PSL-RJ] postou que mostrava suposta fraude nas urnas. Isso não é um problema? Como os senhores checam as informações antes de postar? Aí tem que perguntar para o Flávio.

Sim, mas na campanha no geral. O senhor checa antes de compartilhar? A gente sempre tenta checar, né, ter a maior responsabilidade possível.

O senhor tem pretensões de ser presidente da Câmara? Quem poderia ser o próximo presidente? A gente vai ter a segunda maior bancada da Casa a partir do ano que vem, então isso aí dá uma certa autonomia para a gente articular que o próximo presidente seja identificado com as bandeiras do Jair Bolsonaro. Não necessariamente uma pessoa de dentro do PSL, mas uma hora esse nome vai surgir. A gente está começando a trabalhar isso.

Mas o senhor não seria um dos nomes cotados para o cargo? Não sei, a gente ainda não parou para ver isso não. Algumas pessoas dizem que tem o problema da idade, por estar na linha sucessória da Presidência, tem que ter mais de 35 anos [ele teria no momento da eleição 34]. Já vi gente falando que pode e

gente falando que não pode. Mas sinceramente eu estou concentrado é no segundo turno ainda.

Depois a gente vê essas questões. E certamente vai vir um nome conservador, que realmente esteja identificado com as bandeiras não só do Jair Bolsonaro, mas do crescimento do país.

Que partidos os senhores pretendem ter como apoio neste segundo turno? Acho que a maioria dos apoios deve vir de maneira individual. Talvez venha com a formalização dos partidos, mas eu acredito que no individual aqui a ojeriza ao PT é a maior possível.

E ninguém quer ir para a cadeia, ninguém quer que o Haddad seja presidente porque já viu o modus operandi de articular do PT. É o mensalão do Lula, é o petrolão da Dilma. E ninguém quer ir para a cadeia.

O senhor aceitaria apoio com partido como o PR, do Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão? Eu conheço deputados do PR que não têm condenações, o Valdemar Costa Neto até onde eu sei ele não é deputado. É o presidente de uma sigla que tem uma grande bancada aqui, mas mais uma vez, essa parte de articulação vai ficar a cargo do Onyx Lorenzoni.

Folha de S. Paulo


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