Brasil | Policía reprime nueva manifestación contra el racismo y movimientos piden investigar a Carrefour

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Protesto no Carrefour de Porto Alegre termina em confronto entre manifestantes e polícia

Por Eduardo Amaral

Um protesto realizado nesta segunda-feira, 23, na unidade do Carrefour da Avenida Bento Gonçalves, na zona norte de Porto Alegre, terminou em confronto com a polícia. A Brigada Militar (BM) atirou bombas de gás lacrimogêneo nos manifestantes e duas pessoas ficaram feridas. Este é o segundo protesto após o assassinato de João Alberto Freitas, de 40 anos. O homem negro foi espancado e morto por dois seguranças brancos do Carrefour localizado na Avenida Plínio Brasil Milano, na zona Norte da cidade, no dia 19 de novembro.

O grupo bloqueou as duas faixas da Bento Gonçalves, uma das avenidas mais movimentadas da cidade, aos gritos de «acabou o amor, isso aqui vai virar Palmares» e «o Carrefour é assassino». Motociclistas buzinavam em apoio ao protesto.

Durante o protesto, um pelotão de choque da Brigada Militar se posicionou na Rua Osvaldo Pereira, transversal à Avenida Bento Gonçalves. Duas pessoas começaram a avançar em direção aos brigadianos, que se mantinham parados.

Após alguns minutos de insistência, os dois recuaram e a marcha retomou para a Bento Gonçalves. Era por volta das 19h40 quando iniciaram as primeiras cenas de depredação. Cerca de dez pessoas, quase todas mais jovens, começaram a quebrar as grades da unidade do Carrefour localizado na avenida. Além de pichações, um grupo também ateou fogo em objetos na via e arremessaram rojões no pátio do hipermercado.

Após cerca de 15 minutos de ação dos manifestantes, a tropa de choque iniciou a contenção. Bombas de gás lacrimogêneo foram usadas. No motim, duas pessoas ficaram feridas – uma delas foi uma senhora de aproximadamente 60 anos, que foi atingida de raspão na perna por uma bomba jogada por um dos manifestantes. O motorista de uma rádio de Porto Alegre também foi atingido por estilhaços de um foguete.

Mesmo com a ação da BM, manifestantes mais revoltados seguiam enfrentando o batalhão, atirando paus e pedras contra os agentes. Entretanto, a resistência durou pouco mais de 15 minutos e o protesto foi se dissipando.

Professor de teatro, Luno Pires dos Santos, de 21, diz que as imagens de João Alberto sendo morto lhe trouxeram sentimento de raiva e ódio. «A primeira coisa que penso é que poderia ser eu ou meu pai. E dá muita raiva e ódio porque o Carrefour já paga um salário de miséria para os pretos e agora mata um de nós.» Luno esteve presente nos dois protestos – o desta segunda e o de sexta, 20 – e era um dos que puxavam os cantos durante a caminhada.

Na última sexta-feira, uma manifestação aconteceu em frente à loja onde o crime aconteceu. Naquela ocasião, o protesto também terminou em confronto com a BM, que disparou bombas de gás para dispersar os manifestantes que tentaram invadir o prédio do Carrefour da zona Norte.

Violência no Carrefour de Porto Alegre é recorrente
A publicitária Regina Ritzel, de 37 anos, mora em frente à loja onde aconteceu o protesto desta segunda-feira. Ela conta que, ao saber da morte de João Alberto, viu reprisar uma cena que ela mesmo presenciou em 2018. «Eu fui acusada nesse Carrefour de ter roubado o mercado, fui levada para uma salinha com as minhas duas filhas e obrigada a ficar seminua na frente delas, dos funcionários e de clientes.»

Na época, as filhas de Regina tinham 7 e 17 anos, e Regina só foi liberada 42 minutos depois, quando ouviu no rádio dos seguranças a afirmação «não é essa negra». Ela processou a rede e até hoje espera uma resposta da Justiça.

De acordo com Regina, ver Beto ser assassinado gerou nela os sentimentos de «revolta» e «impotência». «Vi mais um negro assassinado e virando estatística. Agora a gente quer que Porto Alegre vire Palmares.»

Terra


Movimentos pedem ao MPF que investigue Carrefour por morte de João Alberto

A Coalizão Negra por Direitos ingressou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo a abertura de investigação contra o Carrefour e a empresa de segurança Vector. A entidade, que reúne 150 organizações do movimento negro, pede para que seja investigada a responsabilização das empresas na participação da morte de João Alberto Silveira Freitas, na última quinta-feira (19).

A advogada da entidade, Sheila de Carvalho, lembra que a empresa de segurança também é responsável pela vigilância no supermercado Extra, que também possui histórico de violência. “Nossa representação busca cobrar responsabilidade da empresa Carrefour por mais um episódio de violência racial. Esse episódio não é isolado, há diversas violações de direitos humanos e, algumas delas, com conotação racial. Além disso, não é novidade a prática de violência por parte da Vector, que também cuida do Extra e já foi investigado por crimes raciais”, disse à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual.

João Alberto Silveira Freitas, o Beto, homem negro de 40 anos, foi espancado até a morte por dois seguranças de uma loja do Carrefour na zona norte de Porto Alegre. O crime brutal foi filmado e as cenas circulam nas redes sociais. Os dois estão presos. Um deles é policial e foi levado para um presídio militar. O outro, funcionário de uma empresa de segurança contratada pelo Carrefour, foi detido pela Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado.

Segundo o documento protocolado, são muitos casos de violência contra corpos e vidas negras que ocorrem no interior de grandes lojas no Brasil. “Solicitamos com urgência que providências sejam tomadas para que haja responsabilização efetiva não somente daqueles que praticaram os atos de violência e homicídio contra o Sr. João Alberto Silveira de Freitas, mas também a responsabilização por racismo, omissão e conivência das empresas Carrefour e Vector Segurança Patrimonial que perpetuam uma ação de violência contra a população negra brasileira”, diz o texto.

Caso no Carrefour não é isolado

A morte de João Alberto resultou em protestos durante três dias em diversas cidades do país. Para a presidenta do Geledés, Maria Silva de Oliveira, a sociedade não pode mais permitir esse modelo racista de organização. “A população negra vive um processo histórico de exclusão, marginalização e desumanização. O assassinato ocorreu dentro da loja e não há, em nenhum momento, tentativa de parar o espancamento. Já passou da hora de a sociedade refletir sobre qual o modelo de civilização daqui”, defendeu.

A loja paulistana do Carrefour, localizada próxima à Avenida Paulista, foi atacada após a 17ª Marcha da Consciência Negra de São Paulo, que se concentrou no vão do MASP (Museu de Arte de São Paulo). Centenas de manifestantes se dirigiram àquela unidade do supermercado, na rua Pamplona, na região central da capital. Vidros foram quebrados, os bloqueios foram derrubados, e algumas prateleiras tiveram seus produtos derrubados ao chão. Houve ainda um princípio de incêndio, rapidamente debelado.

Uma das lideranças do movimento negro no Brasil, Douglas Belchior, criticou o tratamento por parte da imprensa, que rotulou os protestos como “vandalismo”. “Nossa sociedade é patrimonialista e criminaliza lutas sociais. Criminoso é taxar de vandalismo uma manifestação tão legítima. Em São Paulo, o que vimos foi um clima de cansaço, as pessoas não aguentam mais. O movimento negro faz manifestações jurídicas, faz denúncias em fóruns internacionais, ou seja, a gente tem ações de diálogo. O que houve na sexta-feira foi um sinal de perda de paciência do movimento negro”, afirmou, ao jornalista Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

O presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, minimizaram o caso e disseram que não existe racismo no Brasil. “Em uma única família brasileira podemos contemplar uma diversidade maior do que países inteiros. Foi a essência desse povo que conquistou a simpatia do mundo. Contudo, há quem queira destruí-la, e colocar em seu lugar o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre classes, sempre mascarados de “luta por igualdade” ou “justiça social”, tudo em busca de poder”, acrescentou Bolsonaro.

Para Douglas, a reação dos chefes de Estado tem como objetivo frear a narrativa do movimento negro que avançou recentemente. “Neste ano, ficou a marca do aprofundamento do debate nacional sobre o racismo. Somos um país que se reconhece estruturalmente como racista. Em que época um executivo mundial de uma empresa, como ocorreu sexta, pediu desculpas e se reconheceu como privilegiado? É uma mudança importante, mas o imbecil do presidente da República é racista e defende essa tese”, finalizou.

Rede Brasil Atual


Morte de João Alberto: Carrefour deve adotar compliance em direitos humanos, diz MPF

Nota pública da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e da Procuradoria Regional do Direitos do Cidadão no RS repudia o ato de violência racial que provocou a morte de João Alberto Silveira Freitas, nas dependências do Carrefour, e conclama a empresa a adotar, em toda a sua rede, políticas de compliance em direitos humanos.

O parquet defende a instituição de programas de capacitação, treinamento e qualificação de seus empregados e agentes terceirizados, com o objetivo de combater o racismo institucional/estrutural e a discriminação racial.

«Emblemático exemplo desse processo de reprodução de práticas discriminatórias é o caso do ex-jogador de basquete Richard Augusto de Souza Pinto, seguido por um segurança da Rede Pão de Açúcar de Supermercados, durante todo o período em que fazia compras no local, por ser considerado «suspeito» apenas em razão da cor – o fato, ocorrido em 2017, ensejou a condenação da empresa, no ano de 2019, ao pagamento de indenização pelos danos morais causados ao atleta.»

O MPF cita ainda dados que demonstram o impacto desproporcional da violência sobre a população negra brasileira, como:

i) a cada 21 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil;

ii) as pessoas negras e pardas, mesmo correspondendo a pouco mais da metade da população brasileira, constituem quase dois terços da população carcerária no Brasil, tendo 2,7 vezes mais chances de serem vítimas de assassinato do que uma pessoa branca, conforme dados do IBGE3; e

iii) em 2019, mais de 35 mil pessoas negras foram mortas no Brasil.

Assinam a nota o procurador Federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, o procurador da República Marco Antonio Delfino (coordenador do grupo de trabalho de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial), o procurador regional da República Vladimir Aras (coordenador do grupo de trabalho Direitos Humanos e Empresas) e o procurador regional dos Direitos do Cidadão do RS Enrico Rodrigues de Freitas.

Migalhas


«Las vidas negras importan» también en Brasil

Desde Brasilia

Una pintada de más de 150 metros de largo y unos 10 de alto realizada sobre la principal avenida de San Pablo proclama, con letras mayúsculas blancas » #VIDAS NEGRAS IMPORTAN «. Durante cerca de diez horas un grupo de artistas plásticos estampó la consigna que ocupa casi todo el ancho de la Avenida Paulista.

El lema que ganó fama mundial tras el asesinato George Floyd en Estados Unidos fue aclamado en las marchas realizadas desde el viernes en San Pablo, Río de Janeiro y otras grandes ciudades brasileñas para repudiar la muerte Joao Alberto Silveira Freitas, un hombre negro de cuarenta años, ejecutado por dos guardias de seguridad en la sureña Porto Alegre, capital de Rio Grande do Sul.

El crimen ocurrido en una sucursal de Carrefour desató una indignación nacional nada frecuente en un país que parecía haber normalizado la violencia racial.

En general los asesinatos de este tipo carecen de visibilidad o dan lugar a a protestas que se circunscriben al barrio o la favela de donde era oriunda la víctima.

Amnistía Internacional informó que los hombres negros representaron el 72 por ciento de los 59 mil asesinatos ocurridos en Brasil en 2015, una estadística que posiblemente se agravó en los últimos años debido a las medidas del presidente, Jair Bolsonaro, que alentaron el gatillo fácil y la impunidad policiales asociados a los decretos que liberaron la venta de armas. Según Amnistía, un joven negro es muerto de forma violenta cada 23 minutos en Brasil.

Joao Alberto Silveira Freitas, «Beto», cuatro hijos, negro, fue detenido debido a un incidente menor mientras su esposa se encontraba en la fila de la caja de Carrefour pasadas las veinte horas del jueves. Media hora más tarde el hombre corpulento yacía muerto en el estacionamiento del super tras se trompeado y asfixiado por los dos guardias privados (uno también es policía) apoyados por otros empleados de la empresa de matriz francesa.

«La forma como mataron a Beto se parece a la del norteamericano (George) Floyd , le apretaron el cuello con el pie, perdió el conocimiento y siguieron golpeándolo. En Estados Unidos la gente se rebeló, acá nosotros estamos diciendo basta, se acabó, no toleramos más el racismo que nos oprime desde hace siglos, van a tener que entender que las vidas negras importan», estalla Izamel Ferreira da Silva, dirigente del movimiento negro de Porto Alegre en diálogo con PáginaI12.

Ella participó en las protestas, varias por días, realizadas en Porto Alegre, que el próximo domingo celebrará el ballottage por la intendencia entre Manuela D´Avila, del Partido Comunista do Brasil y candidata de un frente de izquierdas contra el conservador Sebastiao Melo, del Movimiento Democrático Brasileño.

Hay indignación y seguridad en las palabras de Izamel Ferreria da Silva. «El asesinato de Beto nos hartó no lo vamos a perdonar, esto va para largo , vamos a seguir y seguir protestando, basta ya de racismo».

La reacción de Bolsonaro ante el crimen fue de la ironía a la demagogia. Primero dijo ser «daltónico» y no distinguir entre negros y blancos, luego declaró que los únicos colores existentes en su país son el «verde y amarillo» (de la bandera) y ante sus colegas del Grupo de los 20, aludió a una imaginaria conjura internacional que quiere valerse del racismo para sembrar la división nacional.

«Bolsonaro es un hipócrita, los racistas son los primeros que dicen que en este país hay mestizaje de razas, que en esta sociedad conviven armónicamente negros y blancos, Pero los negros no ingresan a la universidad, los negros somos minoría en los cargos políticos y somos la mayoría en las cárceles y en las favelas», enumera Ferreira da Silva, una de las líderes del grupo Negritud Socialista Brasileña.

«En Brasil la policía no mira igual a un negro y a un blanco. Yo misma vi a una persona blanca robando algo de una estantería de un mercado sin que nadie la aborde. Una vez un guardia me acusó de robar y para demostrarle que estaba en un error me quité la ropa, y después exigí disculpas. ¿Por qué desconfió, porque soy negra?».

El asesinato de Joao Alberto Silveira Freitas movilizó a la militancia en varias ciudades brasileñas. En algunas las protestas fueron frente a las sucursales de Carrefour, en las que hubo hechos de violencia.

El caso causó también tuvo repercusión nacional e internacional. El expresidente Luiz Inácio Lula da Silva dijo haber quedado «trastornado» con las imágenes del crimen de este «hombre negro (…) el racismo es el origen de todos los abismos de este país». El campeón del mundo de Fórmula Uno, Lewis Hamilton, que hace cinco meses repudió la muerte de Floyd en Estados Unidos, este fin de semana dijo que el asesinato de Porto Alegre causó la «pérdida de otra vida negra, tenemos que luchar para que esto pare».

La ONU sostuvo que el crimen, ocurrido un día antes de celebrarse el Dia Nacional de la Conciencia Negra brasileña, puso en «evidencia las diversas dimensiones del racismo».

Página 12


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