Explosão do desemprego entre jovens se reflete na evasão escolar – Por Wagner de Alcântara Aragão

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Por Wagner de Alcântara Aragão *Sem dinheiro para pagar a passagem de ônibus, sem perspectiva de encontrar um trabalho, estudantes, em especial de cursos técnicos subsequentes, são obrigados a largar os estudos – justo o que poderia lhes abrir caminhos

A taxa de desemprego entre os jovens tem ficado, em média, duas vezes superior à taxa geral de desemprego no Brasil, conforme atestam os indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado até agosto, por exemplo, o desemprego entre a população com 18 a 24 anos de idade fechou em 25,8%, ante 12% do desemprego geral no período.

Como professor na rede estadual de educação do Paraná, de cursos técnicos da educação profissional, tenho, junto com colegas, percebido como na sala de aula essa tragédia social está se refletindo. Leciono nos chamados “cursos técnicos subsequentes”, uma espécie de cursos técnicos “pós-médio”, como popularmente são conhecidos, por serem voltados a quem concluiu o ensino médio.

Nesses cursos há uma predominância de estudantes justamente nessa faixa etária em que o IBGE registra explosão do desemprego – moços e moças com 18 a 24 anos, mais ou menos. Há estudantes em outras faixas de idade, mas é nessa em particular em que está a maioria dos integrantes das turmas.

Os cursos subsequentes públicos exercem função social ímpar. Representam oportunidade de retorno à sala de aula para gerações que viveram a juventude em época anterior à expansão das redes de ensinos técnico e superior ocorrida por políticas públicas dos anos de 2004 e 2014. Ou seja, concluíram o então segundo grau e foram forçados a se dedicar à vida laboral. Com os cursos técnicos implementados da década passada para esta, voltaram a reencontrar a escola.

Esses mesmos cursos também servem a três propósitos às gerações mais recentes, esta que vive a juventude propriamente dita. Ou como transição entre o ensino médio e o ensino superior – os cursos subsequentes permitem aos jovens amadurecerem suas escolhas. Ou, aos que ingressaram numa faculdade, e buscam nos subsequentes conhecimento auxiliar. Ou àqueles que almejam se concentrar na formação técnica.

Em outras palavras: os cursos profissionalizantes subsequentes públicos dão aos jovens perspectivas para traçarem seu futuro, engendrarem seus projetos de vida.

Pois a crise econômica, que assola o país desde que a democracia foi desestruturada com o golpe de 2016 (que começou a ser construído dois anos antes), está tirando desses jovens a esperança de construírem vidas melhores que as têm, que as que seus familiares tiveram. Não dispomos – eu e meus colegas – de estatísticas precisas ainda, mas têm feito parte da rotina estudantes largarem os estudos por absoluta falta de condição econômica e social.

Sem emprego, e sem perspectiva de encontrar um, ficam dessam forma sem dinheiro para a condução de casa para a escola, e são forçados a parar de frequentar as aulas. Outros casos são daqueles que até conseguem alguma colocação, mas em ocupações de relações trabalhistas totalmente precarizadas: sem horários regulares, remuneração baixíssima que exige jornadas extensas para que no fim do mês o dinheiro seja o minimamente suficiente, levando à falta de tempo e forças para a dedicação aos estudos.

Professores e equipe pedagógica ficamos estarrecidos com o cenário, indignados com a situação, e nos sentindo impotentes diante de um horizonte em nada acalentador – inclusive para o exercício da própria função de educador. Até quando isso será suportado?

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