Brasil: una multitud acompañó a Lula en el funeral de su esposa Marisa Letícia

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Lula: «Marisa morreu triste por conta da canalhice que fizeram com ela»

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu neste sábado 4 defender a sua imagem e a da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em meio a acusações de corrupção levantadas pelas investigações da Operação Lava Jato. Na quadra do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde foi realizado o velório de Marisa, Lula se emocionou ao lembrar da história de sua mulher, com quem esteve por 43 anos, e afirmou que não tem medo de ser preso.

«Marisa morreu triste, por conta da canalhice e da maldade do que fizeram com ela», disse Lula. Sem citar a força-tarefa da Lava Jato ou o juiz Sergio Moro, responsável pela maior parte dos casos em que ele e Marisa são investigados, Lula disse que vai lutar para que «os facínoras tenham um dia a humildade de pedir desculpas».

Em dezembro, Marisa Letícia se tornou ré, ao lado de Lula, em uma investigação da Lava Jato. Como tem feito desde o início das acusações, Lula reafirmou sua inocência. «Se alguém neste país tem medo de ser preso, este que está enterrando sua mulher hoje não tem», afirmou o ex-presidente. «Tenho a consciência tranquila e não sou eu que tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam provar que as mentiras que estão contando são verdadeiras»

Em sua última declaração, em meio às lágrimas, Lula falou diretamente com Marisa Letícia. «Companheira, descanse em paz. O seu Lulinha paz e amor vai continuar lutando muito para defender sua honra e sua imagem», afirmou. Na sequência, o local do velório foi tomado pela comoção e por gritos de «Olê, olê, olá, Lula, Lula» e «Marisa, Marisa».

Antes, Lula o simbolismo do Sindicato dos Metalúrgicos, local onde conheceu Marisa. «Aqui eu aprendi a falar, perdi o medo do microfone, aqui decidimos combater a ditadura, criamos o novo sindicalismo, pensamos em criar a CUT, criar o PT, e todas as greves que foram feitas», disse.

Lula lembrou o passado humilde de Marisa, que começou a trabalhar aos 11 anos como empregada doméstica, e agradeceu o apoio dela em sua trajetória. «A Marisa sustentou a barra para que eu me transformasse no que me transformei», disse Lula.

«Sou o resultado da consciência política dos trabalhadores brasileiros. Sou resultado das greves, mas também de uma menina que parecia frágil, mas que me deu a segurança que eu podia viajar pra apoiar candidatos, para apoiar greves, criar sindicatos, que ela seguraria a barra».

Lula relembrou as histórias de nascimento de seus três filhos e contou que não acompanhou nenhum dos partos por conta dos compromissos políticos. «Nunca estive presente, por causa do PT, da CUT, das greves», disse. «Às vezes sinto culpa, mas às vezes acho que é assim mesmo».

O ex-presidente disse que pensou em nomear Marisa como ministra, mas que sempre desistiu da ideia. Ainda assim, afirmou ele, «ela tinha muito mais importância que os ministros». «Ela sempre me dizia: Lula, não esqueça nunca de onde você veio e pra onde você vai voltar'», afirmou.

Marisa (1950-2017)

De humilde família de sitiantes, que migraram da Itália para o Brasil, Marisa Letícia nasceu em 7 de abril de 1950 em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Aos nove anos, começou a trabalhar como babá na casa de um sobrinho do pintor Cândido Portinari.

Quatro anos mais tarde, tornou-se operária de uma fábrica de chocolates. Casou-se pela primeira vez com o motorista Marcos Cláudio da Silva, com quem teve um filho. O garoto não chegou a conhecer o pai, assassinado enquanto dirigia o táxi da família. A jovem mãe perdeu o marido enquanto estava no quarto mês de gestação.

Marisa conheceu Lula em 1973, ao ir para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo carimbar documentos da pensão que recebia. O ex-presidente costuma contar que, quando soube que a esbelta mulher de 23 anos era viúva, fez questão de deixar cair um documento que mostrava que ele também era viúvo. O episódio serviu de justificativa para iniciar a conversa, que não tardou a evoluir para um longevo relacionamento.

Os frutos da união de mais de 40 anos são os três filhos do casal: Fábio, Sandro e Luís Cláudio. O ex-presidente também adotou o primeiro filho de Marisa Letícia, Marcos Lula, que tinha apenas dois anos quando o então líder sindical a conheceu.

Inicialmente avessa à política, Marisa preocupava-se com a segurança de Lula quando eclodiram as greves do ABC Paulista. Em 1980, chegou a liderar uma passeata das mulheres em apoio aos sindicalistas presos no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que integrava o aparato repressivo da ditadura. Nesse mesmo ano, participou de um curso de Introdução à Política Brasileira, promovido pela Pastoral Operária de São Bernardo, e filou-se ao recém-criado Partido dos Trabalhadores.

Dedicada à família, Marisa teve uma atuação discreta nas primeiras disputas eleitorais de Lula. Em 2002, com os filhos já adultos, pôde se dedicar com mais afinco à campanha presidencial do marido. Em 1º de janeiro de 2003, tornou-se primeira-dama do Brasil.

Nos últimos meses, Marisa vinha sofrendo ao lado de Lula a pressão das investigações da Operação Lava Jato. Em dezembro, também ao lado do ex-presidente, foi convertida em ré pelo juiz federal Sergio Moro, sob a acusação de lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, o casal adquiriu um imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente, em São Bernardo, com recursos da empreiteira Odebrecht. A acusação é negada com veemência pela defesa de Lula, que diz que imóvel é alugado.

«A pressão e a tensão fazem as pessoas chegarem ao ponto que a Marisa chegou. Mas isso não vai fazer eu ficar chorando pelos cantos. Vai ficar apenas batendo na minha cabeça, como mais uma razão para que a luta continue», desabafou Lula na segunda-feira 30, durante um encontro com representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens. Foi a primeira aparição pública do ex-presidente após a mulher sofrer o AVC.

Carta Capital


Corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia é velado em São Bernardo

A ex­primeira­dama Marisa Letícia foi velada neste sábado (4) no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP), com a presença de seu marido, o ex­presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e integrantes e simpatizantes do PT, como a expresidente Dilma Rousseff.

Diante do caixão da mulher, Lula disse que chorou o suficiente para «recuperar a Cantareira», em referência ao sistema de reservatório de água da Grande São Paulo.

«Sou o resultado de uma menina que parecia frágil e segurou a barra para eu ser o que sou», discursou. «Ela cuidou de todo mundo e nunca reclamou da vida», disse o ex­presidente, emocionado.

«Eu vou continuar agradecendo a Marisa até a hora de eu morrer. Espero encontrar com ela com o mesmo vestido vermelho que escolhi pra ela. Porque quem não teve medo de vestir vermelho na vida. Não terá em morte. »

Lula foi o primeiro a chegar, pouco depois das 9h. Nos primeiros minutos da cerimônia, ainda reservada, Frei Betto fez uma oração em homenagem a Marisa para a família e os amigos mais próximos. Do lado de fora, centenas de pessoas formavam uma fila que ocupou o quarteirão do sindicato.

Pouco depois das 10h, o velório foi aberto ao público. Vestindo camisa e blazer preto, Lula ficou ao lado do caixão de Marisa, que estava coberto por uma bandeira do Brasil e outra, do PT.

O ex­presidente abraçou, um por um, todos os que passavam em fila para prestar homenagem a Marisa. Ao lado do petista, revezavam­se seus aliados mais próximos, como o ex­secretário­geral da Presidência da República Gilberto Carvalho e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Além de parlamentares e governadores petistas, estava presente o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O prefeito eleito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), também foi à cerimônia.

Diversas autoridades preferiram prestar solidariedade a Lula no hospital Sírio­Libanês, onde Marisa ficou internada por dez dias após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Entre elas, o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex­presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O presidente cubano Raúl Castro enviou uma coroa de flores. O ex­presidente do Uruguai José Mujica telefonou para Lula.

Ao final do velório, Lula afirmou que Marisa «morreu triste por causa da canalhice e maldade que fizeram contra ela». Na Operação Lava Jato, a ex­primeira­dama era ré junto com Lula em duas ações penais sob responsabilidade do juiz Sergio Moro. Ela também foi mencionada em investigações relacionadas à reforma de um sítio, em Atibaia (SP), usado pela família.

«Quero que os facínoras que fizeram isso contra ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas. Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui enterrando sua mulher não tem. Eu tenho a consciência tranquila. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que têm que provar que as mentiras que estão contando são verdade. Então, Marisa, descanse em paz, porque esse Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito por sua honra», disse o ex­presidente.

A cerimônia terminou pouco antes das 16h. O corpo de Marisa foi cremado.

DIÁLOGO

Durante o velório, diversos petistas tentaram minimizar a conversa entre Lula e Temer, na noite de quinta­feira (2), e avaliaram que o encontro não pode ser considerado um gesto político, mas sim de solidariedade.

«É precipitado achar que isso [encontro entre Temer e Lula] vai acarretar em entendimento na política. Vamos bater duríssimo na reforma da Previdência e ainda consideramos Temer um presidente ilegítimo», declarou o senador Lindbergh Farias (PT­RJ).

O líder do PT na Câmara, deputado federal Carlos Zarattini (SP) disse que a visita de Temer foi «um gesto de solidariedade bem recebido por Lula», mas que «não reflete possibilidade de apoio às reformas» propostas pelo governo do peemedebista, como a trabalhista e a da Previdência.

Ex­ministra do governo de Dilma, Ideli Salvatti (PT­SC) ecoou o senador e o deputado e disse que a visita de FHC «foi a retribuição de um gesto», enquanto a comitiva de Temer ­composta por diversos ministros e senadores­ «foi uma afronta».

Ex­presidente da Câmara de São Paulo, Antônio Donato afirmou que «não dá para tirar uma interpretação política de um gesto de solidariedade».

Além deles, estiveram presentes no velório o presidente do PT, Rui Falcão, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), o exprefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT), o ex­presidente do PT José Genoino e o ex­tesoureiro Delúbio Soares, ambos condenados pelo mensalão.

Folha de S. Paulo


Lula despidió a Doña Marisa

Tras el multitudinario velatorio de su esposa, Marisa Letícia Rocco, quien falleció el jueves, el ex presidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva dijo su compañera «murió triste», por los «canallas» que acusaron al dirigente de corrupción y por la investigación de la fiscalía y del juez Sergio Moro, de la Operación Lava Jato. Poco después, Lula despidió a Rocco también con una imagen y un texto publicados en la cuenta de Twitter que actualiza su equipo de colaboradores.

«Marisa murió triste porque los canallas, los fascinerosos hicieron maldades con ella. Un día deberán tener la humildad de pedirle disculpas. Este hombre que te despide no tiene miedo de ser preso, porque no debo demostrar mi inocencia, ellos tienen que demostrar las mentiras que dijeron», dijo Lula tras el velatorio de su esposa, muerta a causa de un derrame cerebral.

El velatorio de la compañera de vida del sindicalista y ex presidente se tranformó en una reivindicación de esta mujer que a los 11 años comenzó a trabajar como empleada doméstica y que, con los años, fue en el movimiento del nuevo sindicalismo y la creación Partido de los Trabajadores (PT).

«Descanse en paz Marisa, tu Lulinha paz y amor luchará para salvar tu honra y tu memoria», dijo Lula al lado del féretro de la esposa.

Durante 20 horas cientos de miles de personas desfilaron por la sede del sindicato de metalúrgicos de Sao Bernardo do Campo, Gran San Pablo, para despedir a Rocco.

La compañera de Lula había sido procesada por el juez Sergio Moro, por un departamento que la fiscalía atribuye al matrimonio Da Silva, supuestamente concebido como pago de sobornos, una acusación que no ratificó ninguno de los testigos hasta el momento.

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