“No estoy cansada de luchar, estoy cansada de la injusticia y de los traidores. Y estoy segura que Brasil también lo está” – Dilma Rousseff, presidenta de Brasil

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Estou cansada dos traidores, não de lutar, afirma Dilma

Naquele que poderá ser seu penúltimo dia no exercício da Presidência da República ao menos nos próximos seis meses, Dilma Rousseff recebeu longa ovação na abertura da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, e reafirmou que continuará lutando por seu mandato, cujo encerramento é em 31 de dezembro de 2018. “Eu não estou cansada de lutar. Estou cansada é dos desleais e dos traidores, e tenho certeza que o Brasil também está.”

“Asseguro a vocês que eu vou lutar com todas as minhas forças, usando todos os meios disponíveis, meios legais, meios de luta”, disse a presidenta. “Muitas vezes, como até hoje, queriam que eu renunciasse. A renúncia jamais passou pela minha cabeça”, acrescentou, lembrando que se trata de um processo (o impeachment) “conduzido pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, em aliança com o vice-presidente da República”, sem pronunciar o nome de Michel Temer. “Os dois proporcionaram ao país essa espécie moderna de golpe, feito rasgando a nossa Constituição.”

Ela reafirmou que não existe nenhuma acusação de uso indevido de dinheiro público. “Todos os decretos dizem respeito a práticas límpidas, limpas e corretas. Se aplicado esse mesmo princípio, vários governadores teriam também de sofrer processo de impeachment.” E acrescentou que decretos semelhantes foram feitos também pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso: “Se naquela época não era crime, não é crime hoje também”.

Dilma se definiu como uma “figura incômoda”: “Enquanto eu me mantiver de pé, de cabeça erguida, honrando as mulheres, ficará claro que cometeram contra mim uma inominável, uma enorme injustiça”. “Eles ocultam que impeachment só pode ocorrer quando houver crime de responsabilidade.”

Protagonistas

Segundo ela, os 54 milhões de votos recebidos em 2014 “serão honrados”. “Carrego comigo a força das mulheres e também dos homens que se tornaram protagonistas dos seus direitos nos últimos 13 anos”, declarou. “Carrego em mim a força de vida dos 36 milhões de brasileiros e brasileiros que saíram da pobreza. Carrego os 11 milhões que moram em casa própria do (programa) Minha Casa, Vida. Carrego comigo os 63 milhões de brasileiros que não tinham atendimento médico e agora têm pelo Mais Médicos.”

Sem dar nomes, a presidenta voltou a falar em possíveis medidas do governo Temer. “Os golpistas carregam outro tipo de promessa, que não votamos, carregam com eles a promessa de retrocesso”, criticou. “Prometem eliminar as obrigações dos gastos em saúde e educação. Prometem desvincular os benefícios do salário mínimo, principalmente os previdenciários. Prometem privatizar com tudo o que for possível, acabar com o pré-sal”, afirmou. “É isso que nos diferencia, não fui eleita para isso. Esse pessoal não consegue chegar à Presidência da República por meio do voto popular. O projeto deles é de desmonte do Brasil.”

Ao abrir a conferência, Dilma disse que este é um “momento decisivo da democracia brasileira” e que um componente da crise está no fato de ela ter sido a primeira mulher eleita para a Presidência da República. “Uma parte muito importante da minha capacidade de resistir decorre do fato de ser mulher. A nossa força não está em sermos ferozes, irascíveis, raivosas. A nossa força está em sermos lutadoras, guerreiras e extremamente sensíveis e capazes de amar, até porque temos essa imensa capacidade de dar a vida.”

Rede Brasil Atual


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